[EXCLUSIVO] Capítulo DEZENOVE de GLAMOUR Encarar as escolhas O amor é um sentimento que surge quando menos esperamos. Su...

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Encarar as escolhas




O amor é um sentimento que surge quando menos esperamos. Surpreende, arrebata, dói, mas é prazeroso senti-lo.
Dois meses se passaram desde que Andrew e Ágata decidiram namorar. O que começou em Paris, continuou quando chegaram ao Brasil. Ambos passaram a se encontrar escondidos, pois Ágata teve que continuar o namoro de fachada e sua mãe nada poderia descobrir sobre Andrew. Aliás, depois do sucesso das fotografias que ele fizera do desfile de lançamento da coleção de verão, Gisele resolveu contratá-lo para compor sua equipe de fotógrafos. No começo Andrew objetou, pois temia arriscar todo seu plano de vingança. Porém, ele notou que ficar mais próximo de Gisele poderia beneficiá-lo. Além disso, estaria mais próximo de sua amada.
Amada? Sim, por mais que tentasse convencer a si mesmo do contrário, com o passar dos dias o sentimento por Ágata crescia de forma que agora ele estava extremamente apaixonado. Como pôde permitir ser enganado pelo coração? Uma coisa é certa: não conseguimos mandar nos sentimentos. Controlar, talvez.
Em seu quarto, Andrew estava terminando de se aprontar. Era sábado e Ágata havia conseguido uma folguinha. Os dois combinaram de ir a uma chácara próxima para fazerem um piquenique e ficarem a sós, longe dos paparazzi.  Ele não havia se mudado totalmente da casa de seus tios, pois estava aguardando a finalização da dedetização do apartamento que havia alugado, embora já houvesse levado muitas de suas roupas e alguns móveis para lá.
— Para onde vai tão cheiroso assim? — perguntou Suellem entrando no quarto, de cadeiras de rodas.
— Vou ao um piquenique com a Ágata.
— Verdade! Você havia me dito mesmo.  
Ele se aproximou dela e lhe deu um beijo na testa como de costume. Em seguida, pegou a carteira que estava em cima da cama e colocou no bolso de trás de sua bermuda tactel preta. Além da bermuda, ele usava uma camisa regata verde e tênis esporte.
— Como anda o plano de vingança?
— Tudo sob controle. — Ele ficou cabisbaixo.
— Parece preocupado ou é impressão minha?
— Na verdade sim, mãe. — Ele sentou na cama, ficando Suellem frente a ele. — Quando decidi me vingar da Gisele, fiz isso em razão da forma injusta que ela te tratou, do sofrimento que eu senti ao lhe ver em coma e isso fez nascer em mim um sentimento de profundo ódio. Caramba! Como alguém poderia ser tão má? Será que ela não pensou no filho que a senhora tinha? Será que a fama e o dinheiro são mais importantes do que uma vida? Isso me revolta! — Ele suspirou. — Mas agora, depois de conhecer a Ágata e de estar namorando ela, mesmo que seja em razão da vingança, minha consciência está pesada. E de um tempo para cá passei a me questionar se realmente vale a pena conseguir justiça fazendo uma pessoa tão boa sofrer.
— Você está apaixonado pela filha da Gisele?
— Não sei se posso afirmar que é paixão. Mas, o que sinto por ela é diferente, mãe. Não me lembro de ter sentido antes por alguém algo tão profundo e ao mesmo tempo tão puro. Quando estou com ela, o tempo passa depressa, quando estou longe parece que tem um vazio dentro de mim, como se eu necessitasse do sorriso, da presença ou até mesmo ouvir a voz dela para continuar a viver.
— Você não quer admitir, mas está apaixonado pela Ágata. Posso ver isso no seu olhar, na forma como fala dela. Isso é paixão.
— De toda forma, acho que não conseguirei continuar a enganar a Ágata.
— Está querendo desistir da vingança? De algo que planejou por tantos anos?
            — Não quero magoar uma pessoa que é vítima da Gisele como a senhora foi.
            — Respeito o seu sentimento, meu filho, mas não posso acreditar que uma mulher foi capaz de te enfraquecer dessa maneira, a ponto de deixar de se importar comigo.
            — Não é isso, mãe. Eu me importo com a senhora, eu te amo. Mas...
            — Se você me ama, então prossiga com a vingança. No começo achei perigoso você se envolver nesse assunto, mas agora que vejo que realmente é possível atingir a Gisele, não posso deixa-lo desistir. Seria mais uma vitória para ela.
            — Mas mãe...
            — Se você sofreu e sofre por me ver assim, de cadeira de rodas, imagine como eu sinto? Quando acordei do coma, cinco anos atrás, a última lembrança que eu tinha era de ter vencido uma seleção para participar do Miss Universo. Eu era jovem, bonita e admirada por todos. Mas quando me olho no espelho e vejo meu rosto deformado e marcas por todo o meu corpo, percebo que não sou mais aquela jovem de 24 anos e sim uma velha inválida e que perdeu tudo que tinha. Como você acha que me sinto? — Ela começou a chorar e Andrew sentiu seu coração apertar. — Acha que foi justo? Que a Gisele merece ter todo aquele dinheiro que poderia ser meu? Com uma vida saudável e bem-sucedida que ela roubou de mim?
            — A senhora tem razão. Desculpe por ter sido tão egoísta. Eu estava pensando na minha felicidade e esquecendo a sua.
            — O que você sente por essa Ágata sentirá por outra. Você é jovem, tem muito o que viver e muitas paixões para vivenciar. Por favor, meu filho, não desista de mim.
            — Não desistirei. A senhora é mais importante do que muitas coisas na minha vida.
            Ela o abraçou profundamente, com os olhos cheios de lágrimas. Minutos antes, Andrew estava decidido a deixar a vingança de lado, mas agora estava confuso. Não podia decepcionar sua mãe, mas também não queria magoar Ágata. Tinha de fazer uma escolha. Por enquanto, continuar a vingança e desistir de Ágata era o mais razoável.
            — Quero que dê essa pulseira à Ágata. — Suellem lhe entregou uma caixa retangular de veludo azul. — Eu sei que um tempo atrás eu disse que te daria para você entregar a alguém que amasse verdadeiramente. Mas agora percebo que será útil dá-la à filha da Gisele. É uma pulseira de diamantes, quem me deu foi o Gerson, pai da Ágata, quando começamos a namorar. Acho que já te contei essa história.
            — Sim. Contou. — Ele abriu a caixa — Uau! Isso deve ter custado muito dinheiro.
            — O Gerson sempre foi rico. Essa franquia de roupas e assessórios ele herdou dos pais dele há mais de trinta anos.
            — Mas por que a senhora quer que eu dê à Ágata?
            — Depois você entenderá.
            Nesse momento, alguém buzinou no lado de fora.
            — Deve ser a Ágata. — Ele foi até a janela que dava vista para a rua e viu o carro dela estacionado em frente ao portão. — Tenho que ir, mãe. — Ele pegou uma cesta com alimentos que estava ao lado.
            — Não se esqueça do que conversamos.
            Ele assentiu e saiu para encontrar sua namorada. Dentro de si havia alegria e tristeza parecidas com a água e o óleo, não se misturavam, mas estavam na mesma intensidade.
            Algumas horas se passaram.
            Ágata e Andrew estavam sentados debaixo de uma enorme jaqueira. Haviam estendido uma toalha e espalhado várias frutas, pães integrais com peito de frango, queijo e um saboroso vinho tinto. O dia estava ensolarado e agradável. A chácara era bem organizada. Bastante área verde com direito a uma linda lagoa com cisnes e um riacho para banho.
            — Sabe o que acho mais engraçado? — Ágata encostou a cabeça no ombro dele ao mesmo tempo em que entrelaçaram as mãos.
             — Não, o quê? — Fez carinho nos cabelos macios e loiros de Ágata.
            — Você pensou em tudo, trouxe até pão integral para mim.
            — Claro! Depois da bronca que eu vi sua mãe lhe dando por causa dos cinco gramas que você havia ganhado, o mínimo que eu podia fazer era te ajudar.
            — Acho que foi consciência pesada, porque no mês passado você me levou três vezes para comer pizza. Por isso engordei.
            — Na verdade, trouxe comida leve porque não quero namorar uma balofa!
            — Que horror, Andrew! — Ela o beliscou. — Quer dizer que se eu engordar você não vai me querer?
            — Eu não disse isso.
            — Nem precisou dizer!
            — Eu gosto de você não por causa de sua aparência, mas pelo que você é. Mas se eu fosse barrigudo, careca e baixo você ia me querer também?
            — Quando casarmos você vai ficar assim. Então para mim sem problemas! — Sorriram.
            — Você tem uma péssima expectativa sobre o meu futuro como seu marido. Barrigudo e careca? Jamais!
            — Eu ia te amar do mesmo jeito! — Ela o beijou suavemente. E Andrew sentiu seu coração acelerado. Incrível como ela tinha a capacidade de deixá-lo assim.
            — Quero te entregar uma coisa! — ele disse tirando uma caixinha azul de veludo de dentro do cesto de piquenique. — É para você!
            — Ah, meu amor, um presente! — Ela tirou a pulseira de dentro da caixinha, impressionada com a beleza da joia. Era de diamantes com pequenas pedras de esmeralda, um modelo exclusivo. — Que lindo! — Ela lhe deu um beijo rápido, voltando a admirar o presente.
            — Essa pulseira tem um valor especial para mim.
            — Por que lhe custaram os olhos da cara? — brincou ela.
            — Não, sua boba! — Ele lhe fez cócegas. — Porque pertenceu à minha mãe e ela me disse para entregar a uma pessoa especial, a alguém de quem eu realmente gostasse. Alguém que fosse para mim tão valiosa como esses diamantes.
            — Uau! Que responsabilidade eu tenho. — Exclamou olhando para ele com admiração. — Obrigada por me escolher, Andrew. Saiba que você também é alguém muito precioso para mim. Sempre que eu olhar essa pulseira, me lembrarei de você. Desses olhos sedutores. — Ela aproximou o rosto do dele — Desses lábios macios. — Beijou-o — E mesmo quando estivermos distantes, estaremos juntos.
            — Eu te amo, Ágata! — Ele disse espontaneamente, ficando assustado consigo mesmo, pois nunca havia afirmado tal coisa com tanta sinceridade. — Não importa o que aconteça, saiba que te amo de verdade. E, pela primeira vez, posso afirmar que nunca senti algo igual por ninguém. — Ele colocou a pulseira no braço dela e em seguida a abraçou.
            — Também te amo muito, meu amor! — Acariciou os cabelos de Andrew. Enquanto estava ali, abraçada com ele, Ágata sentia-se protegida, poderia enfrentar qualquer tempestade ou furacão; se Andrew estivesse com ela, seria vitoriosa.
            — Vamos dar uma volta pela chácara? Quero te mostrar alguns lugares peculiares. Eu vinha muito aqui quando criança, essa é uma das maiores e mais bonitas chácaras da Barra da Tijuca.
            — Sim, você sabe que amo a natureza! Agora tem uma coisa que não prestamos atenção. — Disse ela olhando para cima, ainda abraçada a ele.
            — O quê?
            — Olha a quantidade de jaca. Já pensou se uma caísse em nossa cabeça? — Ela sorriu.
            — Estaríamos fritos!
            — Quebrados, você quer dizer! — Ela gargalhou e Andrew não pôde resistir àquele sorriso delicioso.
            Começaram a andar pela grama da chácara, Andrew com um dos braços entrelaçados a cintura de Ágata e ela agarrada a ele, sentindo a força de seus bíceps.
            — Diga à sua mãe que eu amei a pulseira.
Ele franziu o cenho e apenas balançou a cabeça dizendo que sim.
— Gostaria de conhecer a minha futura sogra. Qual o nome dela mesmo? — Insistiu Ágata, percebendo que ele parecia não gostar de falar disso.
            — Suellem. Esqueceu que o nosso namoro é secreto?
            — Não, mas não vejo problema em conhecer sua mãe. Afinal, daqui um tempo todos saberão mesmo.
            — Eu não vejo a hora de poder andar ao seu lado livremente, sem restrições. Poder beijá-la em público, sem medo da imprensa. De viajar com você para vários lugares do mundo. — Ele a pegou no colo.
            — Andrew, você vai me derrubar! — gritou ela, sorrindo, segurando o chapéu.
            — Vou jogá-la na piscina. Está na hora de um pouco de emoção.
            — Não, Andrew!
            Ele a deitou lentamente na grama, enchendo-a de beijos. Ágata fingia não querer, desviando o rosto, mas em seguida, retribuía o afeto.
            — Eu amo você, meu biólogo fotógrafo. — Disse olhando para ele, que deitou ao seu lado na grama olhando para o céu.
            — Bem lembrado! — Ele tirou o smartphone do bolso — Se prepare, vou fazer uma selfie.
            — Só não pode postar nas redes sociais. — Brincou. Ela se aproximou, beijando seu rosto e olhando para a câmera fazendo pose.
            — Vou guardar de lembrança para me lembrar desse dia.  — Ele virou a tela do smartphone para mostrar a foto.
            — Me envia pelo WhatsApp!
A alguns metros dali, escondido atrás de um arbusto, um homem fotografava tudo. Era um paparazzi e a matéria da revista para a qual venderia as fotos estamparia uma grande polêmica. Pois, para a mídia, Ágata estaria traindo o seu namorado, Fernando.


Gostaram? Em breve vocês poderão conhecer a história completa! Se puder, deixe um comentário com sua opinião. ♥




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